sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

humanos, eca

Buraco no peito, vazio gritante, sufoco.
Não tenho mais voz, nem cor colorindo a face, muito menos ar pra respirar. Não tenho nada. Só o nó na garganta, companheiro de tempos.
Não tenho mais a quem recorrer, a quem chamar o nome pra me salvar. Não há quem me socorra, quem me tire do escuro aterrorizante. Nunca houve, aliás, alguém a quem eu pudesse recorrer.
Sempre sozinha. Sempre a menina do amor não correspondido, dos sonhos em vão, dos olhos perdidos no horizonte. Sempre sozinha. Sempre pertencendo a uma época distante, a um mundo paralelo e irreal. Sempre esperando ser a mocinha dos romances - aqueles, que eu deveria saber que nunca saem dos livros.
Cansei, eu realmente cansei. Não quero mais nada. Quero viver uma semi-vida de salário mensal, vale-refeição e trânsito num carro de classe média após oito horas diárias de trabalho no escritório. Eu preferiria quebrar os relógios, pintar quadros, fazer piquiniques, andar de bicicleta, como nos livros. Como nos filmes. Mas, isso tudo sozinha não tem graça e, sim, somos sozinhos, essa raça humana, miserável. Quero ser um pássaro!




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